Cores das iscas e a água.
Como sou apaixonado pela pesca do Tucunaré com iscas artificiais,
principalmente as de superfície, as cores das iscas para mim tem um aspecto
mais visual do que efetivo. Acho mais importante aprender a localizar os peixes
e perceber o seu humor (se estão ativos ou não). As cores das iscas serão mais
importantes para a utilização de iscas de meia água, sub superfície, fundo ou jigs.
Quando se inicia o verão amazônico e
o nível das águas dos rios vai
baixando os balcões de lojas de
pesca locais são preenchidas com exposições atraentes dos últimos
lançamentos em iscas artificiais, em uma
infinidade de cores, concebidos para captar não somente a atenção dos peixes, mas de pescadores ávidos
em aumentar seu estoque pessoal. A
maioria das caixas de pesca está cheias de iscas de todos os formatos, tipos e
cores, e cada viagem de pesca torna-se um aprendizado de que isca usar para
atrair o peixe naquele dia. No entanto,
certos princípios de visão e do comportamento da luz à medida que penetra na
água pode fazer a seleção isca mais científica e resultar em mais capturas.
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Foto: Sueren Manyelvan |
Mas os peixes enxergam cores? Sim, a grande maioria dos peixes enxerga
cores. Tal como acontece com as pessoas, a retina do olho de um peixe contém
dois tipos de células: cones e bastonetes. Cones são usados para a visão de dia
e são as células que discernir cor. Os bastonetes são usados para visão noturna e não pode
distinguir cores, embora possam discernir a luz. Certa vez li uma pesquisa que
sugere que peixes predadores diurnos como o black bass, truta e o salmão são
mais sensíveis à cor do que os peixes predadores noturnos, como o walleye. Alguns estudos têm demonstrado que a truta
arco-íris e salmão do Pacífico têm visão de cores semelhante ao dos humanos.
Eles podem distinguir cores complementares em até 24 tonalidades espectrais.
Outros estudos têm mostrado que as trutas são capazes de se concentrar
fortemente em objetos próximos e distantes, ao mesmo tempo e pode ver
claramente diferentes cores em diferentes distâncias.
Dessa forma devemos entender então o que acontece com a luz, quando
penetra na água, pois a luz se comporta de modo diferente em água do que no ar.
Ao penetrar na coluna d´água, a luz solar sofre profundas alterações, tanto na
sua intensidade como na qualidade espectral. Estas alterações dependem,
basicamente, das concentrações de material dissolvido e em suspensão. Em
resumo, a taxa de diminuição da luz com a profundidade, depende do tipo e da
quantidade de substâncias dissolvidas (compostos orgânicos da decomposição
vegetal) e dos materiais em suspensão (partículas do solo da bacia, algas e
detritos) na água.
A intensidade total de luz também diminui com a
profundidade. Por exemplo, a 15 metros
de profundidade, uma isca amarela ainda aparecerá amarela, mas não irá
aparecer tão brilhante como
aparecia em 6 metros de profundidade.
Quando a luz viaja
através da água desobstruída, parte de sua energia é absorvida, sendo as cores
absorvidas pela primeira vez o vermelho,
laranja, e amarelo e gradualmente as mais escuras ou preto. A luz vermelha é
quase completamente absorvida dentro dos primeiros 6 a 8 metros. Laranja
penetra 11 a 14 metros e o amarelo de 20
a 23 metros, enquanto o verde e o azul permanecem visíveis para tão profunda quanto
a luz pode penetrar.
Quando a intensidade
total da luz diminui, seja pela cor da água, sujeira ou um dia nublado, por
exemplo, os bastonetes nos olhos do peixe
passam a se tornar mais ativos e os
peixes não serão mais capazes de
distinguir cores tão facilmente. Desse
modo, os peixes podem ser atraídos para uma isca pela sua ação, barulho, cheiro
ou vibração na água, e usar apenas a visão de perto, em sua janela de ação.
Resumindo
Os olhos dos peixes
possuem córnea, íris, lentes e retina cheia de bastonetes e cones, mas muitas
das funções dos olhos dos peixes são modificadas para o ambiente aquático para
que lhes prove uma excelente visão sob a
água, portanto os peixes podem enxergar cores. Por isso que os peixes que
habitam as águas rasas (que são bastante iluminadas, pois estão expostos a
todas as cores do espectro da luz) são bastante coloridos e os peixes de águas
mais profundas são bem menos coloridos, pois recebem pouca luz.
Nesse caso o mesmo vale
para as iscas artificiais. Durante o dia em águas claras e rasas use iscas
coloridas como vermelho, laranja, amarelo, azuis verdes, prata... Lembre-se:
Todas as cores são visíveis nestas condições.
Em dias nublados ou com
pouca luz, como no amanhecer ou escurecer do dia use cores escuras. Isso pode
parecer estranho, mas a experiência mostra que definitivamente funciona. Reflita
sobre isso: Normalmente, quando vemos algo à noite é uma sombra, e as cores
escuras fazem melhor sombra. Sob estas
condições, uma isca escura forma uma melhor silhueta, sendo assim, mais
visível. Preto, azul escuro e roxo, boas escolhas para este momento do dia. Se
essas iscas possuírem algum acabamento metálico, melhor, pois estes detalhes tendem a criar um flash
mesmo sob condições de pouca luz.
Regra de ouro:
Uma das chaves para a
compreensão da seleção de cor atração é a cor da água e sua clareza. Use iscas
coloridas fluorescentes e brilhantes na água barrenta e suja, e iscas de cor
mais suave em águas claras.
Dominar essas chaves
simples vai fazer maravilhas em desbloquear o mistério da cor para você.
Vale ressaltar que estamos falando de isca de meia
água e fundo, pois quando estamos pescando com iscas de superfície a cor é muito menos
importante do que o tamanho, forma e ação. Um peixe observando
uma isca debaixo dela, contra luz do dia, só vai enxergar a silhueta cinza ou
preta da isca. Tente você mesmo, observe
uma isca colorida, por debaixo dela contra a luz. Desse modo cores pretas e
escuras permanecem sendo as melhores
cores para iscas de superfície, porque
essas cores formam uma grande silhueta.
Os produtos utilizados
hoje na pintura e fabricação das iscas artificiais hoje em dia são projetados
para refletir qualquer ponto de luz que atinja as iscas, tornando-as mais
visíveis.
Retirado do Livro: Tucunaré, uma paixão sem fronteiras.
Autor: Rodrygo Procópio Costa Novo
Retirado do Livro: Tucunaré, uma paixão sem fronteiras.
Autor: Rodrygo Procópio Costa Novo
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